A Caatinga
A Caatinga ocupa cerca de 844.453 Km² de extensão e é o único bioma com distribuição exclusivamente brasileira. Estende-se por todo estado do Ceará e mais de metade da Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte; quase metade de Alagoas e Sergipe, além de pequenas porções em Minas Gerais e no Maranhão. O nome Caatinga significa mata branca em tupi-guarani, fazendo uma referência à vegetação desse bioma no período de seca, que perde suas folhas e fica com aspecto esbranquiçado.
O clima da Caatinga é semiárido, caracterizado por altas temperaturas, com médias anuais entre 25o C e 30o C. O sistema de chuvas é complexo. Durante poucos meses caem chuvas irregulares e alguns anos são mais chuvosos alternados irregularmente com anos de secas. Além disso, serras e chapadas mais altas da Caatinga recebem maior quantidade de chuvas, que escoam dando origem aos rios e lagos da região, muitas vezes temporários. As áreas de planície estão sujeitas a um período de seca longo e severo.
Os solos desse bioma possuem alta variabilidade, com maior ou menor capacidade de reter as chuvas. A quantidade de nutrientes é influenciada pelas mesmas características que influenciam a retenção de água. Os solos mais argilosos retêm mais água e nutrientes, já os de textura mais arenosa tem pouca capacidade de retenção. Fragmentos de rochas são frequentes na superfície, resultando em um solo com aspecto pedregoso.
De forma geral, os solos são ricos em minerais, garantindo a fertilidade nesse ambiente. Por isso quando chove as regiões secas se transformam rapidamente e dão lugar a gramíneas e árvores cobertas por folhas. A decomposição de matéria orgânica no solo da Caatinga é prejudicada pelo intenso calor e luminosidade.
Os rios São Francisco e Parnaíba são fundamentais para a vida desse bioma. Eles nascem em outros lugares, mas cruzam a Caatinga por terrenos quentes e secos. Os rios que nascem na Caatinga permanecem secos por longos períodos, mas no período chuvoso esses rios saem das bordas das chapadas, percorrem extensas depressões e chegam ao mar ou desaguam no São Francisco e no Parnaíba.
Área de Caatinga na Serra da Capivara, Piauí. Foto: Evelyn Sampaio / iStock.com
Apesar das condições severas, é possível encontrar uma diversidade de ambientes
na Caatinga. A flora é uma resposta à variação na disponibilidade de água e
nutrientes, formando um mosaico de diferentes tiposde vegetação adaptada ao
tipo de solo e a disponibilidade de água. A fauna é bastante diversificada, sendo
representada por muitas espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes,
dentre outros. Apesar da sua importância, esse bioma tem sido desmatado de
forma acelerada. Quase toda vegetação das áreas mais úmidas foi substituída por
pasto e plantações. O gado está presente em quase toda parte, e consome
plântulas, folhas e ramos de arbustos mais baixos. A extração de mata nativa para produção de lenha e carvão de forma
ilegal também representa uma ameaça.
Flora
A Caatinga é muito variável floristicamente, dependendo do regime de chuvas
e do tipo de solo. Essa floresta é considerada arbórea ou arbustiva, formada
por árvores e arbustos baixos com galhos retorcidos, ervas rasteiras e
cactos. A maioria das espécies vegetais da Caatinga possui características
xerofíticas que lhes permitem sobreviver em condições de aridez. As adaptações
incluem folhas reduzidas ou modificadas em espinhos para reduzir a transpiração,
queda das folhas durante a estação seca (plantas caducifólias), raízes profundas
para absorver água do solo, sistema de armazenamento de água modificado no
caule e nas raízes e suculência (tecido especializado no armazenamento de água).
Na Caatinga é possível encontrar desde florestas altas e secas com até 15-20
metros de altura, chamada de caatinga arbórea, que é encontrada de forma espalhada
da Bahia ao Rio Grande do Norte em regiões mais úmidas, até arbustos baixos e
espalhados, cactos e bromeliáceas nos afloramentos de rochas. Entre esses dois
extremos muitas fisionomias intermediárias de vegetação são identificadas.
Cerca de 1.511 espécies vegetais já foram registradas nesse bioma, entre as quais
aproximadamente 380 são endêmicas. As principais famílias de plantas são
Cactaceae, Euphorbiaceae, Bromeliaceae e Leguminosae. A riqueza de espécies
lenhosas é alta, destacam-se a Amburana cearensis (cumaru), Anadenanthera
colubrina (angico), Aspidosperma pyrifolium (pereiro), Caesalpinia pyramidalis
(catingueira), Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira) e Myracrodruon urundeuva
(aroeira). Embora menos abundantes, algumas espécies vegetais são perenifólias
(não perdem suas folhas), como a
Ziziphus joazeiro (juazeiro), Capparis yco (icó), Copernicia prunifera (carnaúba),
Maytenus rígida (bom-nome) e Licania rigida (oiticica). Essas espécies são comuns
ao longo de cursos de água principalmente no Piauí, Ceará e Rio Grande do
Norte, onde há fornecimento relativamente constante de água durante a seca e
inundação durante o período chuvoso.
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